A arquitetura possui o poder de trazer sensações e mudar o ambiente que a pessoa vive com alterações substanciais ou pequenas nos ambientes da casa.
Em publicação recente na revista Casa e Jardim, a professora das Pós-graduações em arquitetura e engenharia da Faculdade EnsinE, Maria Eugênia Ximenes falou sobre o tema, elucidando a capacidade que a arquitetura tem de reduzir conflitos internos e pressões socioculturais que o indivíduo pode sofrer em seu cotidiano, oferecer acalento, e frisou o compromisso que a Arquitetura tem de oferecer segurança e conforto para seus usuários.
A revista ouviu também a arquiteta e urbanista Mirtes Birer Kock, que citou o suicídio em pontes como uma realidade presente em grandes cidades, mas que muitas medidas estão sendo executadas como a implantação de câmeras, e profissionais treinados para monitorar o local. Algumas pontes apresentam anteparos físicos para ampliar a altura da mureta ou uma rede de proteção embaixo da estrutura.
De acordo com Mirtes, os prédios também são locais onde as pessoas se suicidam. A obra The Vessel, construída em Manhattan, Nova York, é um exemplo, inaugurado em 2019, contava com diversos lances de escadas e possuía apenas um elevador. A edificação não possui acessibilidade para pessoas com deficiência e gerou grande polêmica quando houve, em 2020 o primeiro caso de suicídio no local. Isso desencadeou outros casos de suicídio. Em 2021 o empreendimento foi fechado.
Maria Eugênia analisou o local e percebeu que o emaranhado de circulação vertical pode remeter a um labirinto, podendo trazer a sensação de angústia para alguns indivíduos ou um beco sem saída para outros. Isso pode fazer com que algumas pessoas não tenham controle sobre seu emocional.
A psicóloga clínica Ana Clara Cartagena destaca que existem lugares que passam segurança. Em Londres, depois de certo altura, todas sacadas são de vidro como forma de prevenção.
Giovana Braga, doutora em antropologia pela USP e especialista na área de patrimônio cultural, salienta que o suicídio é um tema clássico na sociologia e tem motivação individual, mas também pode ser causada pelo meio em que essa pessoa vive.
Na arquitetura não é apenas a parte externa a mais importante, mas o interior também pode ajudar a melhorar ou prejudicar um quadro de uma pessoa com algum distúrbio mental.
A professora da Faculdade Ensine Maria Eugênia Ximenes explica que um projeto de Arquitetura pode ajudar em questões como: natureza, luz, cores.
O contato com elementos naturais tem o potencial de afastar a depressão. A neuroarquitetura pode auxiliar esse processo de melhoria dos ambientes, criando projetos mais humanizados.