Pesquisa de 2018 revelou que aproximadamente 14% das pessoas no Brasil adotaram uma dieta 100% vegetariana. Estudo do IPEC de 2021 mostrou que cerca de 1 ⁄ 3 dos brasileiros priorizam a opção vegana em restaurantes ou estabelecimentos. Mudança no consumo é oportunidade para bares e restaurantes.
O crescimento significativo do vegetarianismo no Brasil e os desafios associados à mudança nos hábitos alimentares não podem ser ignorados.
Uma pesquisa da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) e do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), em 2018, revelou que quase 30 milhões de brasileiros, ou 14% da população, são vegetarianos.
Três anos depois, o IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) realizou nova pesquisa que revelou um crescimento ainda maior de vegetarianos no país: 40 milhões de pessoas. A pesquisa do IPEC ainda mostrou que quase metade dos brasileiros evitou comer carne pelo menos uma vez na semana, trazendo o peso dos “flexitarianos” e da dieta plant based para a balança.
Transformações tão profundas no padrão de consumo exigem a adaptação de serviços de alimentação e quem não lida bem com mudanças pode se assustar. No entanto, os bons gestores, chefs e nutricionistas já entenderam que tais desafios são oportunidades no cenário gastronômico atual.
Neste texto vamos trazer um panorama geral sobre a ascensão do vegetarianismo no Brasil e entender porque essa mudança veio para ficar. Leia até o final e você vai aprender:
- o que é vegetarianismo,
- porque ele está crescendo no Brasil e no mundo e;
- como bares e restaurantes podem se posicionar para atender a um público maior e mais exigente.
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O que é vegetarianismo?
O vegetarianismo é uma escolha dietética que exclui produtos de origem animal, concentrando-se em alimentos à base de plantas como frutas, vegetais, grãos, legumes e nozes.
Essa escolha é motivada por diversas razões, incluindo:
- preocupações éticas com o bem-estar animal;
- sustentabilidade ambiental;
- considerações de saúde;
- valores culturais ou religiosas;
- entre outros.
O vegetarianismo abrange um espectro de práticas dietéticas, com indivíduos optando por excluir diferentes produtos de origem animal.
Qual é a diferença entre vegetarianismo e veganismo?
Enquanto o vegetarianismo foca principalmente na exclusão de produtos de origem animal, os tipos específicos de produtos animais excluídos podem variar. Por exemplo, os ovo-lacto vegetarianos consomem produtos lácteos e ovos, enquanto os lacto-vegetarianos consomem apenas produtos lácteos.
Já o veganismo adota uma abordagem mais rigorosa, eliminando todos os produtos de origem animal, incluindo laticínios, ovos, mel e gelatina. Veganos frequentemente estendem sua filosofia além da dieta, evitando produtos de origem animal em roupas, cosméticos e outras áreas da vida.
Alimentação plant-based
Recentemente uma nova corrente surgiu, a dieta plant-based.
A vantagem da alimentação plant based é que ela é mais flexível e abrange uma variedade maior de escolhas dietéticas. Indivíduos que seguem uma dieta plant based consomem principalmente alimentos à base de plantas, mas podem ocasionalmente incluir produtos de origem animal com moderação.
Enquanto algumas dietas baseadas em plantas focam em alimentos integrais e não processados, outras podem incluir produtos processados à base de plantas, como alternativas veganas de carne.
De qualquer modo, é importante notar que os termos “vegetariano”, “vegano”, “flexitariano” e “plant based” podem ser interpretados de maneira diferente por indivíduos e comunidades. É sempre melhor esclarecer as escolhas dietéticas específicas de alguém para evitar suposições e garantir uma comunicação respeitosa.
Especialista em Nutrição Vegetariana e Vegana
Crescimento do Vegetarianismo
O que é certo é que o número de vegetarianos está crescendo, fazendo desse público um grupo cada vez mais significativo. A mudança nos hábitos alimentares é tendência no Brasil e no mundo.
O professor de ciência alimentar na Estonian University of Life Sciences, Rajeev Bhat, argumenta que essa mudança nos hábitos alimentares é inevitável. Ele destaca que o atual sistema alimentar está esgotando os recursos naturais e prejudicando os ecossistemas. A demanda global por alimentos deve dobrar nos próximos 25 anos, intensificando esses problemas.
A poluição do solo, menos visível que a do ar e da água, também é extremamente perigosa, contaminando alimentos e contribuindo para diversas doenças.
Comida vegetariana, comida do futuro
Para enfrentar esses desafios, Bhat escreveu “Future Foods: Global Trends, Opportunities, and Sustainability Challenges” (em tradução livre, “Alimentos do Futuro: Tendências Globais, Oportunidades e Desafios de Sustentabilidade”).
No livro, publicado em 2021, ele defende a necessidade de planejar e adotar estratégias alimentares mais sustentáveis, preparando-nos para um futuro em que a alimentação sustentável será crucial.
Opções veganas em bares e restaurantes
Quem também precisa se preparar para o que está por vir são os donos de bares e restaurantes.
Afinal, não só as opções vegetarianas serão mais consumidas no futuro próximo, elas serão também mais desejadas. E isso já é observado nas mudanças de comportamento que ocorrem no consumo de alimentos no Brasil.
Por exemplo, o estudo “O Consumidor Brasileiro e o Mercado Plant Based” de 2020 do think tank sobre o sistema global de alimentação, The Good Food Institute (GFI), mostrou que 49% dos participantes reduziram o consumo de carne nos últimos 12 meses.
O estudo mostrou ainda que 85% das pessoas que reduziram o consumo de carne gostariam de experimentar carnes vegetais idênticas às de origem animal.
O crescimento do mercado vegetariano
Em entrevista ao podcast O Café e a Conta da Revista Bares e Restaurantes, Carolina Dini, cozinheira e empresária à frente do Cebola na Manteiga, falou sobre a mudança no comportamento dos consumidores:
“É um mercado crescente. Pesquisas mostram que o número de vegetarianos e veganos no Brasil cresce significativamente. Atualmente, 14% da população brasileira segue uma dieta vegetariana, fazendo do Brasil o país com o maior número de vegetarianos na América Latina.”
Quando perguntada sobre como bares e restaurantes podem se adaptar, Carolina respondeu: “Os vegetais já estão nos cardápios. A diferença está em oferecer mais opções totalmente vegetais e criativas. Muitos não entendem que essa comida pode ser deliciosa.”
Estratégias para bares e restaurantes
Uma coisa que todo vegetariano sabe e até faz piada é sobre a bendita batatinha frita. Quase sempre a única opção vegetariana em bares é uma porção de batata processada em indústria. Tedioso, sem graça e sem vida.
Bares e restaurantes precisam entender urgentemente a motivação dos clientes ao comer fora. Muitos veganos e vegetarianos cozinham em casa por falta de boas opções na rua. E isso é uma oportunidade e um desafio para negócios de alimentação.
Transforme sua cozinha em ouro
Por um lado é crucial transformar a monotonia e o preconceito das cozinhas em curiosidade e conhecimento. A ideia de que apenas produtos de origem animal são ricos em sabores é equivocada. Por outro, o desafio é entender o que esse público busca ao frequentar um bar ou restaurante.
As opções veganas e vegetarianas devem superar o que o cliente pode preparar em casa, oferecendo algo a mais. Esse diferencial precisa ser descoberto por donos de restaurantes, chefs e nutricionistas. Com esse entendimento, fica mais fácil elaborar um cardápio com opções vegetais interessantes, saborosas e memoráveis.
Precisamos de comida vegetariana deliciosa
Em resumo, não dá mais para dieta vegana e vegetariana ser sinônimo de comida triste e insossa. Para 40 milhões de brasileiros, ela não é. E será para muitos outros milhões, seja por escolha, gosto ou necessidade.
A dieta vegetariana é o futuro em um planeta com 10 bilhões de pessoas vivendo as piores consequências da crise ambiental instalada. E que bom que temos essa opção como futuro, porque comida vegetariana pode ser deliciosa.
Aliás, existe um mundo infinito de sabores e texturas que muita gente já vem explorando em casa, mas que os serviços de alimentação teimam em ignorar.
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Agora, se você é daqueles gestores de restaurante que ainda acham que oferecer batatas fritas processadas, sem gosto e cheias de óleo é o suficiente para conquistar os paladares desse público cada vez maior, então, boa sorte em manter seu negócio de pé. Você vai precisar.