Autora: Eduarda Botti Beraldo – Arquiteta e Urbanista | Mestra em Ambiente Construído UFJF
Já faz mais de um ano que estamos vivendo mudanças mundiais que ocorreram devido a pandemia da Covid-19.
Mudanças temporárias, ou até mesmo mudanças que chegaram para serem definitivas e mudar nossas vidas. Não somente o “novo normal”, mas por um bom tempo.
Muitos desses impactos ainda estão sendo estudados, mas esta crise, de fato, acarretará muitas mudanças. Não somente sociais, mas também físicas, interferindo nas escalas da arquitetura e se difundindo por gerações.
A Pandemia e As Cidades
O planejamento das cidades, mesmo nos séculos passados, era correspondente à história de cada época. Assim, refletia as tendências culturais, sociais e tecnológicas até em momentos de crise.
A partir de algumas crises sanitárias, o planejamento urbano se alterou e se adequou as necessidades da população. Os sistemas de saneamento, circulação e iluminação evoluíram bastante até os dias de hoje.
Contudo, a pandemia causada pela Covid-19 alterou drasticamente os sistemas urbanos atuais.
Dentro de casa as alterações foram visivelmente importantes. O home office chegou para ficar, assim, a importância de estar em um local acolhedor e confortável já não resta mais dúvidas.
No âmbito urbano, as alterações foram ainda maiores. A circulação de pessoas nas cidade foi reduzida consideravelmente.
O fechamento das academias fez com que uma grande parcela da população buscasse os lugares abertos, se apropriando das praças para prática de exercícios físicos.
Utilização dos espaços livres públicos
A utilização dos espaços livres públicos foi, por muitas vezes, questionada. Em Juiz de Fora, observamos espaços sendo cercados e fechados e, na sequência, reabertos.
No âmbito da gestão pública, alguns governos definiram diretrizes específicas para o uso seguro dos espaços.
No Canadá, o governo indica como medida de proteção, o aumento da frequência de limpeza das áreas de uso comum, como equipamentos de ginástica ao ar livre e mobiliários.
Sugere, também, reduzir a quantidade de bancos ou áreas de sentar para que menos pessoas se aglomerem próximas umas das outras nos espaços livres públicos.
Assim, para evitar aglomerações, o uso foi recomendado apenas para a vizinhança local, fechando os estacionamentos. Como foi visto na UFJF e na praça Poeta Daltemar Lima em Juiz de Fora.
Mobilidade Urbana
Além disso, a pandemia proporcionou uma circunstância única para experimentos em escala urbana com relação à mobilidade, com poder transformador dos espaços através do urbanismo tático.
As medidas destinadas a garantir o distanciamento social devem se manter após a pandemia. Logo, abre caminho para a recuperação com menos trânsito e mais atividades ao ar livre.
Desta forma, a utilização dos espaços livres públicos foi alterada, assim como a percepção da qualidade de vida devido aos novos padrões e perspectivas.
Para garantir uma utilização segura, em contextos em que não há necessidade de restrição total de circulação da população, é necessária a atuação responsável, tanto dos usuários quanto dos gestores públicos.
Dessa forma, cabe aos usuários a adoção de medidas de proteção individual como o uso de máscaras, a higienização contínua das mãos e evitar aglomerações.