Como é o cronograma de vacinação no Brasil? Após tomar a vacina, quanto tempo uma pessoa fica imunizada contra o vírus? É preciso continuar seguindo as medidas de segurança?
Muitas dúvidas podem surgir nesse momento acerca da vacina contra a covid-19. Por isso, nós conversamos com Marcos Schlinz, coordenador de Pós-Graduação de Enfermagem em UTI de Adultos na Faculdade EnsiNe. Com um extenso currículo e muito conhecimento para compartilhar, nosso especialista respondeu as principais dúvidas sobre a vacina, além de dicas de cuidados pós-vacinação. Confira o bate-papo na íntegra!
1) Sobre a vacina contra a covid-19: por que existe um cronograma de prioridade de vacinação?
A disponibilidade de vacinas e sua aplicação é limitada e gradual, bem como a aplicação na população. Por essa razão, todos os países precisaram se organizar. A necessidade de estabelecer prioridades tem como maior objetivo prover proteção ou minimização de agravos aos cidadãos que seriam mais suscetíveis à COVID-19, bem como a mortalidade.
Assim, se fez necessário elaborar um cronograma de vacinação, conforme prioridades recomendadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde); o Ministério da Saúde, através do PNI – Programa Nacional de Imunizações, elaborou um cronograma inicial com as prioridades bem definidas. Dentre elas podemos pontuar: idosos extremos e institucionalizados, profissionais da saúde, indígenas, povos e comunidades tradicionais ribeirinhas e quilombolas, idosos com comorbidades (doenças pré-existentes importantes com maior risco de mortalidade), dentre outros.
A necessidade de estabelecer prioridades tem como maior objetivo prover proteção ou minimização de agravos aos cidadãos que seriam mais suscetíveis à COVID-19, bem como sua mortalidade.
2) Por que o cronograma de vacinação se inicia pelos idosos?
O Cronograma de vacinação é baseado em princípios da OMS e foi elaborado em acordo com diversas entidades. Entre elas estão o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS). Os idosos entram na prioridade por uma suscetibilidade maior em apresentar agravos ou maior mortalidade.
A resposta às infecções virais do indivíduo idoso são bem menos eficazes do que indivíduos mais jovens. Além disso, os dados mundiais apresentam maior morbimortalidade em idosos. Ainda, pela maior ocorrência de doenças pré-existentes como, por exemplo, diabetes e hipertensão – fatores de riscos muito maiores para ocorrência das formas mais graves e óbitos por COVID-19. Portanto, imunizar as grupos prioritários é uma medida de saúde pública que visa minimizar o número de doentes, bem como de mortes pela SARS-CoV-2.
3) Após tomar a vacina contra a Covid-19, quanto tempo uma pessoa fica imunizada contra o vírus?
Cada vacina autorizada disponível e em uso no país tem as suas particularidades e especificidades. Elas foram elaboradas sob tecnologias e estudos diferentes, bem como suas eficácias e tempo de imunização são particulares. O que precisamos saber é que a eficácia pela vacina contra a covid-19 não é obtida imediatamente após receber o imunizante.
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDCs) dos EUA dizem que a imunidade acontece após algumas semanas. Porém, tem se observado uma frequência que se dá entre 07 e 14 dias. A eficácia máxima se dá após a aplicação da 2ª dose do imunizante e o organismo requer um tempo para que produza anticorpos “estimulados” pelas vacinas para que tenha condições de proteger o organismo contra o vírus, ou pelo menos das formas mais graves da doença.
4) Por que mesmo tomando a vacina é preciso continuar seguindo as medidas de saúde púbica?
Nenhuma vacina detém 100% de eficácia, mas temos imunizantes contra a COVID-19, por exemplo, que chegam a 95% de proteção após a aplicação das doses recomendadas. O segundo ponto, tão importante quanto o primeiro, é que há uma “janela imunológica” que representa o ato da vacinação em relação ao tempo em que o organismo precisa para produção de anticorpos.
Ainda ressaltamos a necessidade de manter as medidas de proteção e prevenção. Estamos em meio à pandemia, no pior momento dela em nosso país, onde a disseminação e mortes provocadas pelo vírus estão em franca expansão. Por fim, os indivíduos imunizados podem disseminar os vírus entre aqueles que ainda não tiveram acesso à vacina.
A importância da vacinação em massa
Sobre a importância da vacinação, Marcos responde: “Segundo epidemiologistas, há que se vacinar no mínimo 70% da população para que se aproxime da imunidade coletiva, fato que estamos muito longe de atingir em todo o mundo. Outro fator que também causa preocupações importantes é o aparecimento de novas variantes do vírus. Esse comportamento é esperado que ocorra, tal como temos no H1N1 e outras doenças virais, onde o vírus sofre mutações de forma que consiga se “perpetuar” em nosso meio. Algumas mutações tem apresentações mais agressivas no que tange o poder de disseminação, bem como na apresentação de formas mais graves e letais da doença. Portanto, as medidas de precaução e prevenção são imprescindíveis para todos.”
Por fim, separamos uma mensagem muito especial deixada por Marcos em meio ao nosso bate-papo. Ah! E não se esqueça: se você curtiu esse conteúdo, não deixe de acompanhar nosso blog para mais informações sobre saúde, empreendedorismo e muito mais!
Como profissional de saúde e da educação, com a dor da perda de entes e amigos queridos, venho pedir a todos que cuidem uns dos outros. A causa é humanitária e todos estamos no “mesmo barco”. Independente da raça, gênero, religião, poder econômico, orientação sexual, o vírus está entre todos nós, sem distinção. Estamos todos suscetíveis, mas juntos somos mais fortes. Essa pandemia nos têm apresentado inúmeros aprendizados, nos levando à inúmeras reflexões e, dentre elas, destaco a necessidade de sermos mais uns pelos outros, de nos tornarmos verdadeiramente uma coletividade em prol da melhoria global.