Saiba quais são os 3 diferentes métodos de introdução alimentar

O que você vai ler

Quando o bebê completa seis meses de idade é hora de começar a incorporar outros alimentos além do leito materno.

Essa fase transitória é denominada introdução alimentar, na qual se oferece novos alimentos ao bebê, como complemento e não como substitutos do leito materno, sendo este incentivado até 2 anos de idade. Antes do sexto mês de vida, o aleitamento deve ser exclusivo, já que o leite materno supre as necessidades do bebê durante o período.

Durante a introdução alimentar a criança deve passar progressivamente do seio da mãe para a alimentação da família. É comum algumas crianças estranharem e até recusarem alguns alimentos, afinal, os sabores são bem diferentes do leite materno. Mas é necessário persistência, pois de acordo com informações do Ministério da Saúde, é preciso oferecer um alimento de oito a dez vezes, em média, até que a criança o aceite.

Uma alimentação complementar adequada tem como objetivo elevar a densidade energética da dieta e aumentar o aporte de micronutrientes (em particular o ferro, zinco, cálcio, vitamina A, vitamina C e folato). Entretanto, uma transição alimentar tardia ou inadequada é capaz de comprometer o crescimento e a qualidade de vida dos bebês e pode desencadear inúmeros problemas, como:

  • Deficiências nutricionais
  • Desnutrição,
  • Desaceleração do crescimento
  • Deficiência Imunológica
  • Maior risco de infecções (diarreias frequentes)

O período de introdução a novos alimentos é fundamental na vida do bebê e requer bastante cuidado dos responsáveis, pois as práticas alimentares no primeiro ano de vida são experiências que influenciam na formação de hábitos alimentares, que poderão ser propagados até a vida adulta, sendo fundamental também a construção de memória alimentar positiva nessa fase, criando desde o princípio, uma relação saudável com o alimento.

Mas a gente sabe que nesse período surgem muitas dúvidas dos pais em relação à nova rotina alimentar da criança. Dessa forma, muitos pais recorrem a um Nutricionista para orientá-los sobre alimentação infantil, visando o crescimento e o desenvolvimento adequado.

Neste post vamos te contar quais são as vantagens e os desafios dos diferentes métodos de introdução alimentar na prática clínica do Nutricionista: Tradicional, BLW e Participativa. O texto é baseado no ebook “Diferentes Métodos de Nutrição Alimentar” oferecido pela Nutmed Cursos.
Baixe o e-book aqui!

Introdução Alimentar Tradicional: Gerência e Supervisão dos Pais.

O método mais popular baseia-se na introdução gradual dos novos alimentos na rotina alimentar da criança com gerenciamento e supervisão dos pais ou cuidadores. A orientação inicial envolve a oferta de alimentos em forma de papas amassadas, para facilitar a deglutição da criança e evitar um possível engasgo com o alimento.

A alimentação complementar é adaptada conforme às necessidades e o desenvolvimento da habilidade de coordenação da mastigação e deglutição, aumentando-se gradativamente a consistência e a variedade dos alimentos. Os purês e papas são substituídos por alimentos picados, desfiados ou cortados em cubos pequenos, até chegar a dieta da família, devendo ocorrer em torno dos 12 meses de idade.

Nessa abordagem, os pais ou cuidadores administram a refeição, utilizando-se da colher ou copo para oferecer os alimentos complementares, que geralmente são bem aceitos, possuindo assim, todo o controle da alimentação da criança: quantidade, qualidade, ritmo e duração da refeição.

VANTAGENS:

  • Maior controle dos pais na quantidade e ritmo da alimentação
    da criança.
  • Evita o desperdício de alimentos.
  • A apresentação dos alimentos respeita os sinais de maturidade
    do bebê, em seu desenvolvimento oral e neuropsicomotor.

DESAFIOS:

  • Exige maior dedicação no preparo de um cardápio direcionado
    para a criança, diferente do cardápio da família.
  • Dificulta o reconhecimento do sinal de saciedade pelo bebê.
  • Alimentação monótona sem interação da criança com a
    comida, resultando em menor interesse.

Método BLW: Introdução de Alimentos Guiados pelo Bebê.

BLW é a sigla para o método Baby Led Weaning, que na tradução para português significa Desmame Guiado pelo Bebê. Criado em 2008, o método preconiza a introdução alimentar gradual de acordo com os desejos do bebê, isto é, sem auxílio/interferência dos pais ou cuidadores.

É uma abordagem alternativa ao método tradicional, pela oferta de alimentos complementares em pedaços maiores, na forma de tiras ou bastões para o bebê experimentar e descobrir texturas e sabores com as próprias mãos. O método BLW confere total autonomia ao bebê, dando-lhe todo o controle sobre a quantidade de alimento ingerido e o tempo de duração da refeição, criando assim o seu hábito alimentar, favorecendo também o reconhecimento do sinal de saciedade.

A alimentação complementar por BLW não inclui administração do alimento com a colher e nenhum método de adaptação de consistência para preparar a refeição da criança. É uma abordagem multissensorial onde o bebê, com as próprias mãos, interage com formas, cores, sabores e texturas diferentes dos alimentos, gerando assim uma melhora no desenvolvimento motor e cognitivo.

O bebê está apto ao método desde que o mesmo apresente os sinais de desenvolvimento adequados, chamados de “sinais de prontidão”, como: inibição do reflexo protrusão de língua, reflexo gag anteriorizado e habilidades motoras primárias (controle postural, manter o alimento na boca, movimentação da mandíbula, usar lábios e língua para explorar objetos, etc).

VANTAGENS:

  • O bebê desenvolve maior autonomia e interesse durante as
    refeições.
  • Os pais não precisam necessariamente preparar alimentos
    exclusivos para o bebê.
  • Não há interferência dos pais no controle da saciedade do
    bebê.
  • Aumenta o compartilhamento das refeições em família, o que
    pode encorajar padrões de alimentação saudável a longo prazo.

DESAFIOS:

  • Sujeira e bagunça durante as refeições.
  • Pode levar a problemas nutricionais para aqueles que
    apresentam algum atraso em seu desenvolvimento.
  • Perde-se a referência por parte dos pais do real consumo dos
    alimentos pelo bebê.
  • Muitos pais e cuidadores recorrem a informações de baixa
    confiabilidade na internet sobre o método.

Abordagem Participativa: Introdução Alimentar com Flexibilidade

A abordagem participativa é uma proposta de introdução alimentar que nasceu da flexibilização do método “guiado pelo bebê”, que une os conceitos das duas abordagens descritas anteriormente: tradicional e BLW.

A combinação da alimentação independente e alimentação assistida permite tanto a participação do bebê, pela oferta de alimentos sólidos, despertando o seu interesse pela comida, quanto o gerenciamento e supervisão dos pais na alimentação.

Muitos pais sentem insegurança de utilizar o método de BLW por inteiro, por isso, fazem uso de papas e purês em algumas refeições por inúmeros motivos:

  • Preocupação da criança não estar sendo alimentada adequadamente.
  • Por não conseguir lidar com a sujeira ou desperdício em todas as refeições.
  • Adequar as necessidades nutricionais da criança, particularmente de ferro.
  • Impossibilidade de utilizar tal método em determinadas situações, como por exemplo, em creches ou com o cuidador.

Embora exista a administração de algumas refeições pelos pais, como observado no método tradicional, o bebê não tem um papel passivo da alimentação na participativa. Esta proposta não permite a imposição de regras, preferências alimentares ou insistência para comer, respeitando o desenvolvimento e individualidade de cada criança, tornando o adulto um mediador da sua alimentação.

A abordagem participativa propõe uma introdução alimentar mais flexível e respeitosa, que favorece um contato leve e dinâmico de aprendizagem de uma alimentação saudável, aproveitando as vantagens do método BLW, mas também levando em conta a adaptação da criança e a rotina de cada família.

VANTAGENS:

  • Flexibilização do método BLW – maior segurança dos pais em
    seguir o método.
  • Ideal para crianças que frequentam creches.
  • Respeita a adaptação e individualidade da criança.
  • Desenvolvimento da autonomia e interesse pela comida.

DESAFIOS:

  • Os pais deixarem de impor preferências alimentares e insistir para
    criança comer.
  • Preocupação dos pais com a limpeza do que com o prazer da
    criança em comer.
  • O entendimento dos pais como mediadores e não como
    controladores da alimentação da criança.

Se você ainda está em dúvida sobre qual abordagem escolher, a dica é: teste com o seu bebê! Observe qual método funciona melhor para você e para a segurança da sua criança. A dinâmica familiar deve ser levada com conta nessa escolha, mas é fundamental ter paciência nesse período, já que uma alimentação complementar adequada é imprescindível para a saúde da criança.

Esse texto foi produzido com base no Ebook “Fitoquímicos e Depressão: Como a dieta pode ajudar”. Qual método você pensa em adotar?

Conhecer bem os alimentos e saber seus efeitos ao nosso organismo é essencial para qualquer profissional de Nutrição. Mas você já pensou em aperfeiçoar seus conhecimentos nessa área? Cursos de pós-graduação como o oferecido pela Ensine são alternativas para quem quer aprender mais sobre o assunto. Conheça nossos cursos com a secretaria Nutmed!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você também pode gostar de ler

Dia do Professor

Estamos em recesso

Neste dia 15 de outubro de 2025, todos os setores da EnsinE estarão em recesso.

Se precisar de atendimento, envie-nos uma mensagem que responderemos assim que estivermos de volta!

Bom descanso!