Quando o bebê completa seis meses de idade é hora de começar a incorporar outros alimentos além do leito materno.
Essa fase transitória é denominada introdução alimentar, na qual se oferece novos alimentos ao bebê, como complemento e não como substitutos do leito materno, sendo este incentivado até 2 anos de idade. Antes do sexto mês de vida, o aleitamento deve ser exclusivo, já que o leite materno supre as necessidades do bebê durante o período.
Durante a introdução alimentar a criança deve passar progressivamente do seio da mãe para a alimentação da família. É comum algumas crianças estranharem e até recusarem alguns alimentos, afinal, os sabores são bem diferentes do leite materno. Mas é necessário persistência, pois de acordo com informações do Ministério da Saúde, é preciso oferecer um alimento de oito a dez vezes, em média, até que a criança o aceite.
Uma alimentação complementar adequada tem como objetivo elevar a densidade energética da dieta e aumentar o aporte de micronutrientes (em particular o ferro, zinco, cálcio, vitamina A, vitamina C e folato). Entretanto, uma transição alimentar tardia ou inadequada é capaz de comprometer o crescimento e a qualidade de vida dos bebês e pode desencadear inúmeros problemas, como:
- Deficiências nutricionais
- Desnutrição,
- Desaceleração do crescimento
- Deficiência Imunológica
- Maior risco de infecções (diarreias frequentes)
O período de introdução a novos alimentos é fundamental na vida do bebê e requer bastante cuidado dos responsáveis, pois as práticas alimentares no primeiro ano de vida são experiências que influenciam na formação de hábitos alimentares, que poderão ser propagados até a vida adulta, sendo fundamental também a construção de memória alimentar positiva nessa fase, criando desde o princípio, uma relação saudável com o alimento.
Mas a gente sabe que nesse período surgem muitas dúvidas dos pais em relação à nova rotina alimentar da criança. Dessa forma, muitos pais recorrem a um Nutricionista para orientá-los sobre alimentação infantil, visando o crescimento e o desenvolvimento adequado.
Neste post vamos te contar quais são as vantagens e os desafios dos diferentes métodos de introdução alimentar na prática clínica do Nutricionista: Tradicional, BLW e Participativa. O texto é baseado no ebook “Diferentes Métodos de Nutrição Alimentar” oferecido pela Nutmed Cursos.
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Introdução Alimentar Tradicional: Gerência e Supervisão dos Pais.
O método mais popular baseia-se na introdução gradual dos novos alimentos na rotina alimentar da criança com gerenciamento e supervisão dos pais ou cuidadores. A orientação inicial envolve a oferta de alimentos em forma de papas amassadas, para facilitar a deglutição da criança e evitar um possível engasgo com o alimento.
A alimentação complementar é adaptada conforme às necessidades e o desenvolvimento da habilidade de coordenação da mastigação e deglutição, aumentando-se gradativamente a consistência e a variedade dos alimentos. Os purês e papas são substituídos por alimentos picados, desfiados ou cortados em cubos pequenos, até chegar a dieta da família, devendo ocorrer em torno dos 12 meses de idade.
Nessa abordagem, os pais ou cuidadores administram a refeição, utilizando-se da colher ou copo para oferecer os alimentos complementares, que geralmente são bem aceitos, possuindo assim, todo o controle da alimentação da criança: quantidade, qualidade, ritmo e duração da refeição.
VANTAGENS:
- Maior controle dos pais na quantidade e ritmo da alimentação
da criança. - Evita o desperdício de alimentos.
- A apresentação dos alimentos respeita os sinais de maturidade
do bebê, em seu desenvolvimento oral e neuropsicomotor.
DESAFIOS:
- Exige maior dedicação no preparo de um cardápio direcionado
para a criança, diferente do cardápio da família. - Dificulta o reconhecimento do sinal de saciedade pelo bebê.
- Alimentação monótona sem interação da criança com a
comida, resultando em menor interesse.
Método BLW: Introdução de Alimentos Guiados pelo Bebê.
BLW é a sigla para o método Baby Led Weaning, que na tradução para português significa Desmame Guiado pelo Bebê. Criado em 2008, o método preconiza a introdução alimentar gradual de acordo com os desejos do bebê, isto é, sem auxílio/interferência dos pais ou cuidadores.
É uma abordagem alternativa ao método tradicional, pela oferta de alimentos complementares em pedaços maiores, na forma de tiras ou bastões para o bebê experimentar e descobrir texturas e sabores com as próprias mãos. O método BLW confere total autonomia ao bebê, dando-lhe todo o controle sobre a quantidade de alimento ingerido e o tempo de duração da refeição, criando assim o seu hábito alimentar, favorecendo também o reconhecimento do sinal de saciedade.
A alimentação complementar por BLW não inclui administração do alimento com a colher e nenhum método de adaptação de consistência para preparar a refeição da criança. É uma abordagem multissensorial onde o bebê, com as próprias mãos, interage com formas, cores, sabores e texturas diferentes dos alimentos, gerando assim uma melhora no desenvolvimento motor e cognitivo.
O bebê está apto ao método desde que o mesmo apresente os sinais de desenvolvimento adequados, chamados de “sinais de prontidão”, como: inibição do reflexo protrusão de língua, reflexo gag anteriorizado e habilidades motoras primárias (controle postural, manter o alimento na boca, movimentação da mandíbula, usar lábios e língua para explorar objetos, etc).
VANTAGENS:
- O bebê desenvolve maior autonomia e interesse durante as
refeições. - Os pais não precisam necessariamente preparar alimentos
exclusivos para o bebê. - Não há interferência dos pais no controle da saciedade do
bebê. - Aumenta o compartilhamento das refeições em família, o que
pode encorajar padrões de alimentação saudável a longo prazo.
DESAFIOS:
- Sujeira e bagunça durante as refeições.
- Pode levar a problemas nutricionais para aqueles que
apresentam algum atraso em seu desenvolvimento. - Perde-se a referência por parte dos pais do real consumo dos
alimentos pelo bebê. - Muitos pais e cuidadores recorrem a informações de baixa
confiabilidade na internet sobre o método.
Abordagem Participativa: Introdução Alimentar com Flexibilidade
A abordagem participativa é uma proposta de introdução alimentar que nasceu da flexibilização do método “guiado pelo bebê”, que une os conceitos das duas abordagens descritas anteriormente: tradicional e BLW.
A combinação da alimentação independente e alimentação assistida permite tanto a participação do bebê, pela oferta de alimentos sólidos, despertando o seu interesse pela comida, quanto o gerenciamento e supervisão dos pais na alimentação.
Muitos pais sentem insegurança de utilizar o método de BLW por inteiro, por isso, fazem uso de papas e purês em algumas refeições por inúmeros motivos:
- Preocupação da criança não estar sendo alimentada adequadamente.
- Por não conseguir lidar com a sujeira ou desperdício em todas as refeições.
- Adequar as necessidades nutricionais da criança, particularmente de ferro.
- Impossibilidade de utilizar tal método em determinadas situações, como por exemplo, em creches ou com o cuidador.
Embora exista a administração de algumas refeições pelos pais, como observado no método tradicional, o bebê não tem um papel passivo da alimentação na participativa. Esta proposta não permite a imposição de regras, preferências alimentares ou insistência para comer, respeitando o desenvolvimento e individualidade de cada criança, tornando o adulto um mediador da sua alimentação.
A abordagem participativa propõe uma introdução alimentar mais flexível e respeitosa, que favorece um contato leve e dinâmico de aprendizagem de uma alimentação saudável, aproveitando as vantagens do método BLW, mas também levando em conta a adaptação da criança e a rotina de cada família.
VANTAGENS:
- Flexibilização do método BLW – maior segurança dos pais em
seguir o método. - Ideal para crianças que frequentam creches.
- Respeita a adaptação e individualidade da criança.
- Desenvolvimento da autonomia e interesse pela comida.
DESAFIOS:
- Os pais deixarem de impor preferências alimentares e insistir para
criança comer. - Preocupação dos pais com a limpeza do que com o prazer da
criança em comer. - O entendimento dos pais como mediadores e não como
controladores da alimentação da criança.
Se você ainda está em dúvida sobre qual abordagem escolher, a dica é: teste com o seu bebê! Observe qual método funciona melhor para você e para a segurança da sua criança. A dinâmica familiar deve ser levada com conta nessa escolha, mas é fundamental ter paciência nesse período, já que uma alimentação complementar adequada é imprescindível para a saúde da criança.
Esse texto foi produzido com base no Ebook “Fitoquímicos e Depressão: Como a dieta pode ajudar”. Qual método você pensa em adotar?
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