Autora: Ana Carolina Veraldo
Antes de tudo, com a globalização e a industrialização da construção civil, as modernas tecnologias construtivas se espalharam rapidamente pelos continentes resultando em uma generalização da arquitetura. Enquanto isso, a ‘’identidade e apelo cultural” vêm se perdendo. A revista ‘Architectural Review’ recentemente descreveu este fenômeno como “uma pandemia global de edifícios genéricos.”
O fato é que muitas técnicas construtivas vernaculares estão sendo extintas. Dentre o repertório em perigo de extinção, estão as casas tradicionais da tribo Musgum, situadas em Camarões, na África.
Estas edificações, um tanto excêntricas, são portadoras de um conhecimento intuitivo sobre arquitetura bioclimática que muitos profissionais da atualidade não possuem. Não ensinam essas técnicas nas escolas de arquitetura no nosso país, salvo raras exceções.
Cabanas Musgum e a Sustentabilidade
Em geral, os cursos de arquitetura e engenharia brasileiros, mesmo com o apelo da sustentabilidade, tem como foco o ensino da arquitetura convencional. Considera o aço, o concreto e o vidro como única alternativa de qualidade. Enquanto isso, o leque de métodos vernaculares com materiais naturais são frequentemente associados ao subdesenvolvimento.
A comunidade Musgum molda suas cabanas, chamadas de Tolek, com solo local em formato cilindro-ogival, de 3 a 9 metros de altura. Podemos notar na parte superior, aberturas que permitem a circulação de ar com efeito chaminé: o ar quente sobe e é puxado para o exterior, por ser menos denso. Desse modo, promove um fluxo de ar renovado e fresco.
As construções são agrupadas em um círculo composto por até quinze casas da mesma família. Todavia, a casa do pai fica em uma posição privilegiada.
Os diferentes padrões geométricos funcionam como contrafortes estruturais e escadas que facilitam a drenagem da água de chuva, a construção e suas respectivas manutenções.
Estas texturas, além de facilitarem a identificação de cada cúpula, servem para drenagem de água e permitem que os moradores a escalem facilmente para eventuais manutenções.
Técnicas da Arquitetura Bioclimática
A Arquitetura vernacular foi um termo usado por muito tempo para designar construções antigas e populares. Recentemente, tem sido associado a arquitetura sustentável, através do termo eco-friendly, por usar materiais com baixo impacto ambiental e técnicas bioclimáticas não prejudiciais ao meio ambiente.
As estratégias bioclimáticas são: o controle da radiação solar, a recuperação da água da chuva, assim como o aproveitamento da iluminação natural e da ventilação cruzada, o tratamento e reuso de águas cinzas, além da coleta de energia solar.
Contudo, essas estratégias ressurgiram da recente crise energética e são apenas planejamentos passivos da utilização do sol, dos ventos, vegetação, umidade, temperatura e água. Assim, proporciona conforto ambiental às habitações tornando o habitat mais saudável e sustentável.
Vale a pena conhecer um pouco mais sobre este tema, participando de algum de nossos cursos.
Você gostou do assunto? Gostaria de saber mais sobre como aplicar estratégias bioclimáticas em seus projetos?